MEU FILHO É MUITO ESPERTO!
MEU FILHO É MUITO ESPERTO!
Quem nunca ouviu essa exclamação? Cada
vez mais os pais acreditam que o seu filho é o mais esperto de todos. Verdade
seja dita, as crianças da atualidade estão a cada dia mais “espertas”. Mas o
que significa ser esperto? No caso, ter um vocabulário amplo, reter uma
quantidade enorme de informações (que normalmente incluem determinados
conteúdos pedagógicos, como cores, formas, letras e números) e ter uma incrível
habilidade com eletrônicos. De forma geral, são estes os quesitos avaliados
quando se classifica atualmente uma criança como esperta.
Venho agora aqui tentar aprofundar esta
reflexão. Será que ser esperto significa possuir apenas habilidades cognitivas?
Penso que não. E a habilidade motora? E a inteligência desenvolvida por aqueles
que sobem em árvores, escalam pedras, brincam de bolinha de gude, piques,
constroem com areia, barro, etc.? Não se enquadrariam na classificação de
espertos?
E as relações interpessoais? A tão
falada inteligência emocional? Fundamental nos dias de hoje. Com certeza,
reside nela a esperteza maior nos tempos atuais. Saber se relacionar em
qualquer ambiente, tolerar as frustrações, saber lidar e respeitar regras, ser
resiliente (ou seja, conseguir sobreviver as tempestades), ser flexível, usar a
criatividade, ser empático, ter iniciativa e autonomia, ser proativo, refletir
sobre as próprias ações e se modificar para atingir os objetivos... Sem dúvida,
essas são as características que de verdade levam os filhos a serem bem
sucedidos na vida e em qualquer profissão.
Urge pensar como nós pais e
profissionais da área de educação, temos contribuído para que as crianças
desenvolvam essas características.
Nas famílias, tratados como príncipes e
princesas, de forma geral frutos de um grande projeto dos pais que não pode
fracassar, as crianças desenvolvem o individualismo, o consumismo, o
materialismo, a competitividade e a dificuldade de lidar com frustrações.
Nas escolas, muitas vezes, reforçamos a
competição no lugar da colaboração, não incentivamos a criatividade, a
iniciativa, a flexibilidade, a solidariedade.
Enquanto psicóloga clínica e escolar de
crianças e adolescentes, e mãe, penso ser urgente repensar a nossa
classificação de “esperto” e avaliar no que devemos de fato investir na
educação das crianças. Duas palavras, no meu ponto de vista, resumem o
essencial: FIRMEZA E AFETO.
Rita Melo
Terapeuta
Cognitivo-Comportamental Crianças e Adolescentes, Psicomotricista, Psicóloga
Escolar e Consultora em Desenvolvimento Infantil.
Instagram - @espaco.liberi
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