PAIS PERFEITAMENTE IMPERFEITOS




Tenho pensado em como falar de Parentalidade Positiva sem o caráter da receita mágica para criar filhos felizes ou das ferramentas para resolver conflitos e ter crianças amorosas que cooperam. Até por que esse não é o propósito quando falo sobre uma forma positiva de educar e quando falo da importância de priorizarmos um desenvolvimento emocional saudável das crianças. E tenho percebido que precisamos ser cautelosos ao falarmos sobre formas de relacionamento entre pais e filhos e relações humanas de maneira geral. Sabe por quê?

Primeiro, porque é preciso respeitar a nossa humanidade. É preciso respeitar a história de cada pessoa que está aqui lendo sobre formas amorosas de educar as crianças e é preciso ter em conta o caminho que todos nós percorremos até aqui.  Segundo, por que cada um de nós recebe a teoria de uma forma diferente. Isso mesmo. A forma que eu interpreto uma ideia é totalmente diferente da sua. E é por isso que as coisas não acontecem da mesma forma para todo mundo. É exatamente sobre esta questão que eu quero falar neste post.

Ninguém consegue ser a materialização das teorias. Não existe a personificação da Disciplina ou da Parentalidade Positiva. Ninguém consegue seguir o passo a passo exatamente da forma como o livro coloca, por mais fiel que sejamos, vai ser sempre preciso encontrar a nossa maneira particular de agir, que pode se apresentar de diferentes formas igualmente respeitosas.

E quer saber o que é ainda mais importante do que conhecer e aplicar as teorias e as ferramentas que promovem um desenvolvimento saudável? É que para permanecer no caminho de uma educação positiva e respeitosa vai ser preciso uma coisa que pode ser dolorosa em alguns momentos, mas ao mesmo tempo também é libertador: explorar a nossa capacidade de perdão, de perdoar a nós mesmos pelos erros que cometemos e que iremos cometer nessa jornada linda de criar e educar filhos. Sobretudo por que há uma regra fundamental na Parentalidade Positiva, a de aceitação da nossa imperfeição.

Tentar ser muito mais do que a gente consegue pode ser frustrante. Fazer aquilo que nos é possível talvez seja o caminho que nos conforte, que nos redime e que faz inclusive, algumas vezes, ir além de onde imaginávamos conseguir. E é esse caminho que tenho tentado percorrer e ajudado outras pessoas a descobrirem. O caminho que sou capaz de percorrer, aquele que é coerente com a minha história e que condiz com a minha humanidade, com a minha subjetividade e imperfeição. 

E você tem tentado seguir que caminho?

Autoria: Ana Flora Medeiros

Psicóloga Clínica - CRP 13/6519

Especialista em Neuropsicologia

Pós Graduada em Parentalidade e Educação Positivas

Mestranda em Psicologia do Desenvolvimento pela Universidade de Coimbra

Idealizadora do Programa Online de Psicoeducação de Pais "Acolhedora de Pais"






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