E SE HOUVESSE UM CONTRATO QUE GARANTISSE QUE PASSARÍAMOS TEMPO SUFICIENTE COM NOSSOS FILHOS?
E se houvesse um contrato que garantisse que
passaríamos tempo suficiente com nossos filhos? Funcionava? Nós sabemos exatamente o tempo que passamos trabalhando ou
o que passamos estudando, ainda sabemos o tempo que precisamos pra dar conta da
casa todos os dias, o tempo que gastamos no trânsito…
Mas e o tempo que passamos
com os filhos?
Esse não vem pré-determinado
em lugar algum.
Bem que podia vir no final
da tarefa de matemática a seguinte frase “agora tem tempo livre para ficar com
os pais”, ou ainda ao final do contrato de trabalho “trabalha até as 18:00 e
depois fica com os filhos”. Mas, muitas vezes, não há tempo.
Não há tempo para
conversarmos por que precisamos nos vestir logo para sair de casa, não há tempo
para brincar por que o jantar precisa ser feito e a roupa lavada. De repente,
quando abrimos os olhos um determinado dia percebemos que o ano quase acabou e
o plano de dedicar mais tempo as crianças continua nas metas para 2019 mas
ainda não saiu do planner. Afinal de contas, estamos dando nosso melhor… a
melhor escola, a melhor viagem, o melhor tablet, a melhor assinatura de TV, as
melhores roupas e os melhores brinquedos. E isso custa!
Não tenho dúvidas que o
esforço é grande. Mas o esforço precisa também ser grande para aquilo que
realmente importa. E talvez a escola, a viagem, a tecnologia e a roupa sejam
importantes mesmo para você… mas o tempo, ah o tempo importa para ELES (os
filhos). O tempo é valioso e é sinônimo de amor. É quando damos nosso tempo,
nos doamos genuinamente, que o vínculo com nossos filhos é criado. Dizer que
são nossos filhos ou que nasceram de nós não nos garante nada e nem garante
relação de vínculo e isso faz uma diferença danada para saúde emocional das
crianças.
É preciso construir uma
relação de significado. E isso só acontece quando tomamos a decisão de repensar
o que vem primeiro na nossa lista de valores e de prioridades e a partir daí,
“trabalharmos” para isso. E quer saber? Na maioria das vezes você não
precisa abrir mão de muitas coisas. Você só precisa de entrega e talvez de
planejamento. Os 40 minutos que gastamos no celular quando chegamos em casa
podem ser tão mais valiosos quando dedicados a ouvir o que as crianças tem a
nos dizer. E que tal decidir deixar a sala bagunçada por mais um dia ou as
roupas sujas pra depois e talvez comer uma comida requentada hoje?
Autoria: Ana Flora Medeiros
Psicóloga Clínica - CRP 13/6519
Especialista em Neuropsicologia
Pós Graduada em Parentalidade e Educação Positivas
Mestranda em Psicologia do Desenvolvimento pela
Universidade de Coimbra
Idealizadora do Programa Online de Psicoeducação de
Pais "Acolhedora de Pais"
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